Vendedora de geladinho inova e atrai clientes
Com novas ideias todas as semanas, Renilda Santos mostra que inovar é simples e eficiente
Quando o assunto é inovação, muitos pensam em soluções tecnológicas, caras edistantes da realidade dos pequenos negócios. Mas, na verdade, inovar não é nenhum bicho de sete cabeças. E Renilda Santos sabe bem disso. A microempreendedora individual (MEI) de Salvador foi, sim, picada por um amigável bichinho da inovação, e convive com novidades todas as semanas em seu negócio, o Rheny Gourmet, dedicado à venda de geladinhos
— Foto: Darío G Neto
Começando a sua trajetória em 2016, com quatro sabores, hoje ela oferece 49 opções de geladinho, tem clientela fiel e não para de pensar em meios de melhorar. Após trabalhar na cozinha de um restaurante, a mãe de quatro filhos decidiu sair do emprego formal e arriscar ser dona do próprio negócio.
Queria realização profissional e também equilibrar vida pessoal e trabalho. À noite, ela produz geladinhos padronizados de 150 ml para vender na manhã e início da tarde do dia seguinte, levando cardápio e banner para apresentar os sabores aos clientes nas ruas. Para demonstrar a higiene e qualidade de suas criações, os geladinhos também são embalados um a um, em saquinhos vedados, para garantir que o produto apenas tenha contato com as mãos do cliente no momento do consumo. E, com tudo isso, ainda consegue dedicar a tarde aos filhos.
Segundo Renilda, as pequenas inovações compensam. “A gente tem mania de achar que o cliente olha o preço. Ele olha a qualidade”, afirma, revelando que já chegou a vender mil geladinhos por semana. “Se eu estivesse comprando, como eu ia gostar? Eu faço meu produto pensando nisso. O lucro vem na credibilidade que você passa para o cliente”, destaca a empreendedora, que todas as segundas-feiras oferece aos clientes um sabor novo, como teste. Se fizer sucesso, a novidade entra para o cardápio.
Foi na parceria com um concorrente que ela acabou descobrindo a sua principal forma de atuação: em frente a escolas e cursos pré-vestibular, no bairro da Pituba. Após apenas 15 dias na rua com o seu produto, Renilda teve o seu geladinho indicado por outro vendedor de lanches aos estudantes. Depois disso, ela conta, acabou conquistando clientes e amigos.
E a conquista sobreviveu ao tempo. As crianças que em 2016 escolhiam os sabores mais calóricos do cardápio, sem pestanejar, já estão entrando na vaidosa fase da adolescência e se preocupando com o peso. “Justamente por isso, desenvolvi uma linha sem açúcar. Comecei a fazer de abacaxi com hortelã; o tropical, que é de água de coco e pedaços de frutas, não leva conservantes e nem açúcar; o de melancia com manjericão”, enumera a empreendedora. “Aí não perco os clientes que estão crescendo”.
E se engana quem pensa que a empreendedora descansa quando chega o recesso escolar. É neste período que a MEI aproveita para pesquisar e implantar mais inovações. Em 2017, quando os alunos voltaram às aulas para o segundo semestre, encontraram Renilda com a marca Rheny Gourmet – criada, aliás, por um cliente, após solicitação da vendedora. Estampada em uniforme e adesivos que identificam os sabores dos produtos, a marca incluiu o termo “gourmet” em vez de “geladinhos”, já visando a uma possível expansão do negócio,
com a oferta de mais produtos.
— Foto: Darío G Neto
E ela já tem planos para o segundo semestre. “Estou pensando em fazer o geladinho sem lactose, que estão pedindo muito”, adianta, dizendo que vai usar o recesso para analisar custos e preço final do produto. Outra novidade já foi encomendada: um carrinho customizado, com acabamento em madeira, também com a marca Rheny Gourmet.
As inovações também incrementaram a forma de pagamento. As vendas melhoraram há dois meses, quando a vendedora aderiu à maquininha de cartão. Segundo Renilda, as pessoas que não compravam o produto por só andarem com o cartão passaram a consumir os geladinhos. E ela sabe bem da importância de ficar atenta aos meios de pagamento e controle financeiro do negócio.
Ela conta que aprendeu a separar as finanças pessoais e da empresa após capacitação. “Eu sempre passava um pouquinho. Mas as vendas de hoje podem não ser iguais às de amanhã. Eu aprendi esse controle lá no Sebrae”, conta, revelando que está mais organizada desde então. Ela também aponta a oficina de formação de preço como uma aliada de seu negócio, que oferece produtos de R$ 2 a R$ 5.
Durante a Semana do MEI, realizada em maio pelo Sebrae, Renilda aproveitou para fazer diversas capacitações. Até mesmo algumas que, atualmente, ainda não se encaixam no seu negócio, como a oficina sobre produção de roskas, oferecida em parceria com o Senac. Mas o conhecimento não foi em vão – Renilda tem a intenção de oferecer, para encomendas de eventos, geladinhos feitos com bebidas alcoólicas. Mais uma inovação na lista de ideias sem fim da empreendedora.
Transformando arrependimento em aprendizado
Em meio a tantas novidades implantadas com sucesso, a empreendedora tem um arrependimento: só ter se formalizado como MEI em março. “Eu me arrependo, se eu tivesse me formalizado desde que comecei, acho que estaria mais desenvolvida”, conta ela, que não tinha formalizado o negócio antes por medo de ser algo que pesasse nas contas. “A gente escuta muita coisa que não é verdade e não procura se informar: que cobra muito, que é difícil”, revela, sobre informações falsas compartilhadas sobre a formalização.
“Dão um suporte muito bom nas oficinas, a gente aprende mesmo, a mente fica mais aberta”, avalia, sobre as capacitações ofertadas pelo Sebrae ao MEI, dizendo que agora aconselha os amigos informais a procurar a instituição.
Fonte: G1.globo.com